Cap. 49
— Ele me disse que entraria por trás na carroça – relata o xerife – mas não o vi lá dentro.
— Precisamos ter certeza – diz Augustus voltando para a carroça incendiada.
— Eu não preciso – responde Wayne. — Você vai mesmo entrar aí?
— Chega de fugir – diz Augustus sumindo dentro da carroça.
Wayne não entende o que aquele maluco quis dizer. Vendo o inferno à sua volta com chamas, fumaça e gritaria, o xerife desiste de ir atrás de sua estrela e sai a procura de seus cavalos.
Dentro da carroça, Augustus arranca um pedaço da roupa de Venim, enrola sobre seu nariz e boca e começa a procura pelo indígena, A carroça nem é tão grande, mas a fumaça e o monte de plantas não permitem enxergar nem seus próprios pés.
Ele chama várias vezes pelo indígena, mas sem resposta. Cansado de tropeçar em restos mortais, Augustus se convence de que não há mais ninguém na carroça, pelo menos não alguém vivo.
Tentando sair, ele tropeça mais uma vez e ouve um pequeno gemido. Estreitando os olhos, consegue ver o indígena estirado, tentando estender-lhe a mão, que segura a faca que estava em sua cintura, caso a píton tivesse resolvido voltar.
Augustus pega a mão do indígena e diz: — Pode largar, você não precisa mais disso agora.
Mal termina a frase e a última serpente de Venim crava os dentes em seu braço.
Fazendo uso da faca que estava à mão, Augustus corta a cabeça do animal ao meio e, sentindo o braço arder mais do que a carroça em chamas, começa a arrastar o indígena por entre os destroços que despencam e os pedaços de carcaça até que chegam ao lado de fora.
A situação não está muito melhor, mas, pelo menos, será possível voltar a respirar assim que pararem de tossir.
Augustus se senta no chão ao lado do indígena que finalmente consegue achar uma posição em que respirar não o faz sentir sendo esfaqueado.
— Você me ajudou – agradece o indígena. — Mais de uma vez. Eu me chamo Cobra Traiçoeira e quero retribuir sua ajuda. Deixe-me ver essa mordida de cobra.
Augustus não responde, ao invés disso, desaba no chão ao lado do indígena.